Mathoso reverte desvantagem e conquista o título na chuva

Mesmo sem vencer nenhuma das baterias da Superfinal em Itu, Fábio Mathoso vira o jogo na chuva e é o novo campeão da RNK.

Dois segundos lugares bastaram para Fábio Mathoso se sagrar campeão da Copa RNK 2020.
04/12/2020 – da Redação, com fotos de Clayton Medeiros

A chuva inesperada pegou de surpresa os pilotos na Superfinal que decidiu a Copa RNK no último sábado (28), no Kartódromo Arena Itu. Sob o calor de um sol forte, os pilotos se preparavam para o treino livre quando caiu a primeira pancada, rápida. Depois veio a chuva intermitente mudando as condições da pista a cada volta e, ao término da sessão, já havia alguns pontos secos.

Mas antes mesmo de iniciar a primeira bateria da rodada dupla, a chuva veio e os poucos momentos de trégua não foram o suficiente para secar a pista, mudando completamente qualquer prognóstico sobre favoritismo. E após o final da primeira prova, a vitória de Andrey Lima parecia ter definido o enredo do certame. Ledo engano. Fábio Mathoso, entre outros pilotos, iria mudar o script.

1º GP de Itu

Andrey Lima coloca por dentro para assumir a ponta e partir para a vitória.

O pole Tido Olmedo garantiu a ponta assim que as luzes verdes acenderam, trazendo com ele Fábio Mathoso, que largou bem da segunda fila. Eugênio Fabian o segundo no grid, perdeu algumas posições nas primeiras voltas e perdeu a chance de brigar pela ponta, enquanto Nilton Rossoni, 3º no grid, demorou a embalar e foi ultrapassado por Jackson Gonçalves e Eduardo Johnscher. Partindo da quarta fila, Chico Johnscher e Andrey Lima acompanhavam o trem, abrindo gradativa vantagem sobre os demais.

Rossoni assumia a dianteira quando seu motor apagou.

Não demorou muito para Rossoni e Andrey avançarem e, na altura da 5ª volta, quando se preparava para assumir a dianteira, o motor do Niltinho apagou tirando-o da disputa. Ele conseguiu fazer o kart funcionar, mas voltou entre os últimos, já sem qualquer chance. Mostrou, porém, seu talento na chuva cravando a melhor volta da bateria.

Andrey Lima abriu caminho e encostou nos ponteiros. A disputa pela vitória durou até o final e só se consumou quando os karts apontaram da Curva Zero, com Andrey cruzando em 1º – garantindo ainda o ponto extra pelo maior avanço – seguido de Fábio Mathoso e Tido Olmedo praticamente juntos.

Disputa intensa também pelo 4º lugar entre Jackson Gonçalves e Eduardo Johnscher, definida em favor deste só na bandeirada. Eugênio Fabian foi o 6º em outra briga árdua, esta contra Chico Johnscher. O sossego só veio na última volta quando encontraram um retardatário do qual Chico não se livrou com facilidade, a ponto de perder posições para Everton Tonel e Anderson Vieira na última volta. Ele recuperaria a posição de Tonel na subida da Zero quando os três, novamente, se enroscaram com o retardatário. Marcelo Tirisco completou o top 10.

2º GP de Itu

Bassám (57) e Mir (66) na inédita primeira fila, mas Rodo (5) é quem vai assumir a ponta.

Com o resultado da primeira etapa, somente Andrey Lima e Fábio Mathoso detinham chances reais de conquistar o título. Com ambos largando na última fila por conta do grid invertido, bastava a Andrey marcar o adversário e administrar a vantagem para o adversário, que subira para 11 pontos.

Lá na frente, beneficiados pela inversão da classificação anterior, a primeira fila tinha Bassám Hajar e Clodomir Dall’Agnol. Quem pulou na frente, no entanto, foi Rodolpho Bettega, partindo da segunda fila. O decano da RNK mostrou perícia no piso escorregadio, liderou as primeiras voltas e, sem cometer erros, só foi superado por Niltinho Rossoni, Fábio Mathoso e Emygdio Westphalen, este já nos instantes derradeiros da prova. Dentre os pilotos que largaram na frente, por sinal, Emygdio e Rodo foram os únicos a sustentar posição nos primeiros pelotões, terminando em 3º e 4º respectivamente.

Ninguém foi páreo para Niltinho na 2ª prova.

O show ficou por conta de Rossoni, que largou no meio do grid, mas rapidamente se livrou do tráfego para assumir a dianteira e abrir mais de 20 segundos de vantagem ao término da prova, marcando novamente a melhor volta.

Da turma que chegou na frente na primeira prova e agora saía no final do grid, Fábio Mathoso foi o mais competente, avançando da última fila para o 2º lugar, com manobras precisas para evitar os inúmeros enroscos que iam se sucedendo à sua frente. Chico Johnscher foi outro que fez corrida consistente e, saindo da 19ª posição no grid, terminou em 5º.

Na tentativa de alcançar a 5ª posição – nas circunstâncias de momento era o que ele precisava para ser campeão – Andrey Lima acabou perdendo dois postos, para Tido Olmedo e Anderson Rocha, em pouco mais de uma volta. Foi na última volta também que Marcos Martins e Juliano Cunha superaram Karina Cardozo para terminar entre os 10 primeiros.

Pontuação final

Com os 42 de bônus das primeiras fases somados aos 90 pontos obtidos na Superfinal, Fábio Mathoso sagrou-se campeão da Copa RNK 2020 com cinco pontos de vantagem sobre o vice-campeão Andrey Lima (45 + 82). Nilton Rossoni (22 + 72) foi o 3º, Jackson Gonçalves (30 + 60) o 4º e Tido Olmedo (14 + 76) ficou na 5ª colocação, fechando o grupo dos premiados.

O bom desempenho de Chico Johnscher (16 + 66) na Superfinal alçou-o ao 6º lugar, oposto de Everton Tonel (35 + 40), que tinha a terceira maior bonificação da fase classificatória e terminou o campeonato em 7º. Anderson Vieira (27 + 46), Eduardo Johnscher (9 + 58) e Juliano Cunha (19 + 48) completaram os 10 primeiros.


Última volta

O formato atual da Copa RNK, em vigor desde 2016, comprovou mais uma vez sua eficiência. O sistema de bônus referentes à classificação nos dois turnos e a pontuação dobrada na Superfinal, ao mesmo tempo, premia os mais consistentes e mantém as chances daqueles que só tiveram bom aproveitamento em um dos semestres.

Presente pela primeira vez no calendário da RNK, o Kartódromo Arena de Itu era desconhecido de todos os pilotos. Apenas dois dos 26 pilotos nem sequer participaram da sessão de treinos livres. Anderson Rocha e Bassám Hajar largaram no escuro – e no molhado.

O treino teve também a participação de Nito Ramirez, visando aos preparativos para as 24 Horas Rental Kart. Ele integra o Candy Shop RNK Team, que participará da prova mais longa do calendário do kartismo nacional em 19 de dezembro, lá mesmo em Itu.

O grid invertido – tradicional na Superfinal – é um dos componentes que torna a competição especialmente emocionante na segunda bateria. Com chuva, então, toques e rodadas vieram a rodo nas primeiras voltas, favorecendo os pilotos safos que conseguiram escapar ilesos.

Por falar em Rodo, o Bettega era um dos mais exultantes no final. Guiou com maestria na chuva terminando em P4 com um merecido pódio. Aos 67 anos, era o piloto mais velho no grid.

Karts na grama, uma das cenas mais comuns.

A chicane no final da reta oposta foi um dos maiores desafios dos pilotos e o que promoveu o maior número de saídas da pista. Foram raras as voltas em que todos os pilotos passaram por ela sem errar.

Otto Jr. foi o protagonista de um “quase grave” acidente ao rodar na entrada da reta oposta. Um dos concorrentes que integrava o pelotão que ainda seguia embolado na sexta volta acertou-o em cheio. O resultado foram muitas dores e um kart destruído.

“Cadê a bandeira?”

O fiscal responsável pela sinalização no PSDP acabou sendo responsável por uma confusão na chegada da segunda prova. Ao se preparar para dar a bandeirada ao líder, ele percebeu que a quadriculada tinha ficado do outro lado da pista. Ainda com a placa de 1 volta na mão, atravessou correndo à frente de Nilton Rossoni, que apenas comemorou timidamente sem entender se havia vencido ou não e continuou acelerando. Um bloco de retardatários que vinha logo atrás também não recebeu a bandeirada, viu a placa de 1 volta mais uma vez e também abriu outra volta. Muita reclamação dos envolvidos e o imbróglio demorou para ser compreendido e resolvido.

Com o bom humor que lhe é peculiar, Bassám Hajar se divertiu muito, mesmo andando lá atrás. E teve o gostinho de largar na pole na segunda bateria, graças ao grid invertido. No final, ainda brincou: “Pelo menos saí com o pé direito seco”.

Acrílico Shalon inovou na premiação da Superfinal. Em lugar dos costumeiros troféus de acrílico recortado na forma da pista, belos quadros de madeira, também talhados no recorte do traçado do Kartódromo Arena de Itu.

Como já é costume em provas mais distantes de Curitiba, um veículo da Liberdade Transportes foi fretado para um “bate e volta”. Desta feita, em vez de ônibus, uma van, já que a maioria preferiu viajar de carro e muitos pernoitaram na Cidade dos Exageros.

A Superfinal em Itu encerrou mais uma Copa RNK em parceria com a Candy Shop, Correta Redações, Acrílico Shalon e Fast Lap Kart Indoor. O encerramento oficial da temporada, entretanto, ainda acontecerá com a premiação anual e dos dois turnos classificatórios, marcada para o próximo dia 12 de dezembro no Kart Park. Um minitorneio de kart está programado.