“A grande decepção foram algumas decisões da Organização”. Confira a excelente entrevista com Eduardo Bettega

Eduardo Bettega recebendo mais uma medalha.

Eduardo Bettega recebendo mais uma medalha.

O entrevistado da vez é Eduardo Bettega, um dos  pilotos da ponta da Copa RNK e eterno candidato ao título. Ele desceu a lenha na organização da Copa RNK, teceu comentários a respeito da bunda de seu companheiro de equipe e afirmou: Estou torcendo contra os Johnscher. Confira na íntegra:

Como avalia o seu desempenho para esta temporada?
Nas provas que participei até agora, considero o desempenho satisfatório. De 3 provas, fui ao pódio 2 vezes (2 terceiros) e, na outra, em primeiro do resto (azarados que pegaram kart sem condições). Em uma das provas que terminei em terceiro, fiz a última volta com um pneu furado. Mesmo sendo um piloto com poucas poles, sempre larguei esse ano entre os 5 primeiros.

Quem é o seu rival nesta temporada?
A rapa! Na pista todos são rivais, “é eu contra a rapa”…

Há algumas corridas você vem afirmando que tanto faz o resultado das corridas e do campeonato para você e que seu objetivo é bater nos Johnscher, por quê? Guarda mágoa por até hoje sempre ter perdido para o Chico?
Na minha concepção, provocações e zoações fazem parte do esporte, e ajudam a fomentar rivalidade.
Esse ano já perdi (não participei) uma corrida, e devido ao alto nível do campeonato, isto me tira da disputa. Por isso estou torcendo contra os Johnscher, afinal, eles já levaram o caneco nas outras três edições e está na hora de outra família ser campeã.
O Chico é um grande piloto, e os dois títulos foram justos. Apenas no ano passado, que ele me passou por um ponto, conseguido pelos pontos de bonificação de participação. Na pista ele ganhou menos pontos, então não guardo mágoas de pilotos que comem minha poeira.

Há espaço para a camaradagem na Copa RNK?
Fora da pista há um grande espaço, dentro da pista temos rivais. Claro que, em algumas situações, pode-se usar de estratégias para você e o rival ganharem tempo. Por exemplo, “empurrar” o adversário é algo em que os dois pilotos ganham tempo, ou ao menos deixam de perder brigando por posição.

Você nunca completou uma temporada inteira da RNK. Acha que é por isso que nunca foi campeão?
Não. Ano passado, que foi o único ano que briguei pelo título, fui muito irregular, e tive péssimos resultados em 3 ou 4 corridas consecutivas. A participação na prova que perdi acho que não seria suficiente para descontar os 26 pontos que cheguei atrás do campeão.

Acha que este pode ser o seu ano?
Não, no atual nível da RNK perder uma prova te tira da disputa do campeonato. Para falar a verdade, não sei nem quantos pontos, nem em que posição estou, e pretendo não olhar a pontuação até o fim do campeonato. Esse ano vai ser só para melhorar o desempenho, a consistência durante as provas, e principalmente tirar ponto dos Johnscher. Se no churrasco de final do ano pintar um troféu, está ótimo.

Qual a maior surpresa e a maior decepção em uma corrida na RNK?
A maior surpresa sempre é pegar um kart bom, que te dê ao menos condição de se divertir. As decepções menores são Registro e Penha, que possuem pistas excelentes, mas karts que apresentam muitos problemas mecânicos. A grande decepção foram algumas decisões da Organização da Copa na prova da Penha, de dividir em baterias (opção que não consta no regulamento), e de considerar a pontuação da última bateria. Também está decepcionante a pontuação das equipes, mudada sem debate no churrasco de final de ano, de considerar a equipe completa na média dos pontos, não apenas dos pilotos participantes.

Em sua primeira temporada de RNK sempre pegava os karts melhores. Sua sorte parece ter caído no colo de seu companheiro de equipe o Andrey. Como vê esta situação?
Eu acho que a sorte dos karts continua a mesma, o que mudou e muito foi o nível dos concorrentes, hoje a quantidade de pilotos que anda bem, e sem errar, é muito grande. Antes era possível ganhar com um kart médio, dependendo do kart que os principais rivais pegavam. Hoje é impossível vencer com um kart médio.Com relação ao Japa, esse nasceu com a bunda virada para a lua.

Como avalia as chances da sua equipe no campeonato deste ano?
As chances são nulas. Primeiro que temos o Feijão na equipe, como diria a Hortência, “a estrela do Feijão fica na bunda”. Segundo que só corremos completos em uma etapa, e em 2 etapas, corremos sem 2 pilotos. Com o atual regulamento, é impossível ser campeão.

Se pudesse mudar o regulamento ou concepção da Copa RNK, o que faria?
Eu acabaria com as bonificações por participação. Acho que no começo essa pontuação era válida para tentar trazer mais pilotos às provas. Hoje acho essa pontuação desnecessária.
Também mudaria a pontuação das equipes. Acho que a média deveria ser apenas dos pilotos que participaram da prova, não todos os pilotos da equipe.

Qual a pista que mais gosta de correr?
Penha para mim é o melhor traçado. Pena que os karts não estejam tão bons. Joinville é um traçado bem desafiador, mas infelizmente possuí um pavimento muito irregular, principalmente na reta de largada, e nas duas primeiras curvas, antes de chegar no primeiro hairpin.

Quem são seus ídolos na Fórmula 1? O que você procura copiar deles?
Piquet e Prost. No Piquet eu sempre admirei sua malandragem, seu conhecimento mecânico e sua capacidade de desenvolver e acertar carros, infelizmente os karts de aluguel não possibilitam utilizar essas habilidades.
No Prost eu admiro sua consistência, sua inteligência e sua habilidade de entender o que está ocorrendo na prova, e com esse conhecimento fazer e alterar sua estratégia dentro da prova. Foi um piloto com poucas poles, e muitas vitórias e títulos. É isso que eu tento replicar na RNK, ser um piloto que não faz voltas espetaculares, mas que é consistente ao longo da prova e do campeonato. Por enquanto estou apenas na tentativa.