Rodada decisiva terá homenagem a símbolos do automobilismo paranaense

Enzo Scaletti e Alceu Colnaghi, personagens marcantes do kart e rali paranaense, denominarão etapas decisivas no Kart Park, o Kartódromo de São José dos Pinhais.

Um dos primeiros circuitos de rua de Curitiba, montado na Av. Victor Ferreira do Amaral. À esquerda, vê-se o Ginásio do Tarumã ainda em construção. No primeiro kart à direita, Enzo Scaletti. (Foto: Acervo Marcelo Afornali)
18/10/2021 – da Redação

Marcada para o próximo dia 6 de novembro no Kart Park, em São  José dos Pinhais, a rodada que decide o título do 2º Turno da Copa RNK 10 Anos – décima edição da Copa RNK – vai prestar homenagem a dois personagens que simbolizam o automobilismo paranaense, especialmente o kart e o rali.

Denominada GP Enzo Scaletti, a sexta e última etapa do 2º turno resgata a memória daquele que foi um dos maiores responsáveis  por introduzir o kartismo na terra dos pinheirais, no longínquo ano de 1960. Imigrante italiano nascido em 1929, Scaletti desembarcou no Brasil na década de 40, residindo inicialmente em São Paulo. Em 1950, transferiu-se com sua família para Curitiba, onde com seu pai fundou a Bosca Transportes, que se tornaria uma das maiores transportadoras de produtos derivados de petróleo, químicos e corrosivos do país.

Em 1961, fundou junto com outros jovens pilotos curitibanos o Kart Clube do Paraná, que no ano seguinte organizou o primeiro campeonato paranaense de kart, do qual se sagrou campeão. Empreendedor, apaixonado por corridas de automóvel e movido a desafios, Scaletti comprou um terreno em São José dos Pinhais, em 1963, e doou-o ao KCP para que ali instalasse a sua sede e fosse construído um kartódromo, asfaltado e inaugurado ainda naquele ano.

Enzo Scaletti na Parabólica de São José dos Pinhais no kart com o qual foi tricampeão paranaense (1962-64-66). Restaurado por Marcelo Afornali, o veículo se encontra no Museu do Kart, em Morretes. (Foto: Acervo Marcelo Afornali)

Nos anos 70, já afastado das pistas em função de suas atividades profissionais, criou a Bosca Competições, uma das maiores equipes de automobilismo da época – contando com karts e monopostos – e na qual despontou, ainda na categoria Júnior, o piloto Maurício Gugelmin, e por onde passaram talentos como Luiz Moura Brito, Zeca Mello, Claudia Lupion – um dos poucos nomes femininos num esporte que ainda era tido como “coisa de homem” – entre tantos outros.

No final da década de 70, o Comendador voltou às competições a bordo de um Fiat 1300 para competir em ralis, encerrando aí sua carreira automobilística. Faleceu em 1999, aos 70 anos, deixando um legado inestimável para o kartismo paranaense, incluindo o kartódromo mais antigo ainda em atividade no Brasil, agora denominado Kart Park, que vai abrigar esta rodada decisiva da Copa RNK.

A quinta etapa, GP Alceu Colnaghi – que abrirá a programação da rodada decisiva da Copa RNK no Kart Park –, homenageará outro grande nome do kartismo e do rali paranaense. Gaúcho de Soledade, nascido em 11 de março de 1947, Alceu Colnaghi veio em 1962 para Curitiba, onde desde cedo trabalhou na madeireira da família. E foi ali, em um barracão anexo, que Alceu instalou a oficina onde preparava seus karts e deu origem à Colnaghi Competições, equipe que rivalizava com a Bosca Competições na conquista dos maiores títulos nos anos 70.

A sua paixão, porém, eram os automóveis. Depois de muitas vitórias nos certames curitibano e paranaense de kart entre 1976 e 1977, Alceu migrou para o rali de regularidade, conquistando logo em seu ano de estreia, 1978, o vice-campeonato brasileiro da modalidade. Numa época em que o esporte era dominado por paulistas e, principalmente, gaúchos, Alceu Colnaghi formou com o navegador Xandinho Gutierrez uma das duplas mais vitoriosas do rally brasileiro, levando o rali paranaense ao reconhecimento nacional e abrindo o caminho para muitos outros que despontaram a partir dali.

Reprodução de anúncio na revista Placar em 1983.

Encerrou precocemente a carreira, nos anos 80, não sem antes realizar um de seus maiores desejos, o de correr pela maior equipe brasileira de rali de regularidade na época, a Gaúcha Car de Porto Alegre. Mesmo afastado das corridas, continuou entusiasta e grande incentivador do automobilismo, patrocinando pilotos de diversas modalidades. Faleceu em 2019, deixando seu nome marcado na história do nosso esporte.

 A prática de intitular provas com grandes nomes do rali mundial, entre eles Sébastian Loeb, Collin McRae, Didier Auriol, Sébastien Ogier e Sandro Munari, já foi comum na Copa RNK, e Ayrton Senna até hoje denomina as provas realizadas em Interlagos, no kartódromo que leva seu nome. Desde 2015, a RNK premia anualmente o piloto que mais faz ultrapassagens com o Troféu Maneco Combacau, que leva o nome do vencedor da primeira corrida de kart realizada no Brasil. “Num país que valoriza tão pouco seu passado e sua história, é importante mostrar às novas gerações um pouco sobre aqueles que pavimentaram o caminho que hoje estão seguindo”, explica o piloto e um dos organizadores da Copa RNK Chico Johnscher. “Tive o privilégio de conviver com o Enzo e, principalmente, com o Alceu, de quem fui chefe de equipe no rali, e seria uma honra ganhar  um troféu que leva o nome deles”, conclui.

Em 1º plano, Alceu Colnaghi e Otávio Langowski, da Colnaghi Competições. Atrás deles, de boné, Enzo Scaletti, no comando da Bosca Competições. (Foto: Acervo Família Colnaghi).

A RNK agradece a Enzo Scaletti Jr., Claudia Abagge Colnaghi, Dado Lupion e Marcelo Afornali pelas valiosas informações e imagens que ilustram esta matéria.